31 March, 2006

Sobre o Amor de muitos



Entre falsos profetas, guerras e desastres, dos sinais de Sua vinda, o esfriamento do Amor de muitos é o que me causa maior terror - Jesus disse: “E por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos” (Mateus 24.12).

Vemos crescer o pecado como algo de certa forma "normal" aos infiéis, e o mal, como característica do “mundo”, é o saco aonde jogamos todas as nossas incertezas e repúdios daquilo que em nossa essência mais gostamos “na carne”, e por medo e insegurança decidimos deixar de lado; mas junto com a corrupção, pornografia e todas as formas de banalização sexual, violência nas ruas e nos lares, entre outros, nos afastamos de algo muito importante, vidas perdidas – ou seja, deixa-se de amar alguém pelo cigarro que fuma, ou pela cachaça que bebe. E, desta forma, o pecado faz separação entre nós e eles, por conseqüência, entre o pecador e Deus – minha culpa.

Em nome da purificação, diante de tantas coisas ruins, acabamos por decidir no isolamento daquele saco que chamamos de "mundo" e das vidas que deixamos lá dentro. Assim, preferimos a “boa vivência” na proteção da ignorância. Contudo, não nos damos conta de que, para início de conversa, fazemos parte deste mundo e, além disso, que estaremos nos inserindo no contexto da iniqüidade corrosiva na medida em que negamos o Amor ao próximo. Mas o próximo é sujo e pecador, é mundo e merece ser cuspido e ignorado pela minha santidade.

Em João 17:15 Cristo pede ao Pai para que não sejamos tirados do mundo, mas que Ele nos proteja do mal, ou seja, é nosso dever estarmos inseridos no mundo, por mais que não façamos mais parte com ele (como diz os versículos 11 a 14 deste mesmo texto). Conclusão é que não fomos convertidos do mundo para sermos isolados dele, mas sermos a Luz de Deus aos amados ainda não encontrados.

Outra coisa, mais estranha ainda, é o esfriamento do amor entre o povo de Deus que, ao contrário de estar correspondendo a ordem divina de amar, está preocupado com as “necessidades pessoais”, “realizações”, “projetos”, “MINISTÉRIOS”, “OBRAS” etc. E o que se pensa é mais importante sobre e o que é devido (amar é cláusula pétrea).

É a iniqüidade deste individualismo que torna os relacionamentos cada vez mais superficiais e cada vez mais efêmeros diante das pequenas dificuldades, esquecendo-se os irmãos que não são os “espinhos” das diferenças que inviabilizam um relacionamento (na verdade, os “espinhos” o amadurecem), o que inviabiliza um relacionamento é o egoísmo, o orgulho e a imaturidade perante o choque do aprendizado gerado pela construção que é o Amor em conhecimento.

Por isso vemos tantas pessoas solitárias DENTRO DAS IGREJAS e jovens que trocam o amor pela frieza e imaturidade de um breve momento superficial. Ou que disfarçam suas solidões e falta de Amor em meio a tanto trabalho a Deus.

- perante o “mundo”, sou puro demais e assim quero crer.
- perante os irmãos, há conflitos almáticos mal resolvidos, intratáveis pela auto-negação.

O Apóstolo Paulo, em I Co 13, fala de um amor paciente, que não se perde diante da primeira crise ou desilusão; bondoso ao próximo, humilde. Um amor que não se comporta de forma inconveniente, altruísta e está sempre procurando atender o interesse dos outros e não o seu próprio apenas. É também um amor que não se ira facilmente, que não guarda rancor, que não se alegra com a injustiça, mas que salta de júbilo quando a verdade triunfa. É um amor que sabe que o sofrimento sempre acompanha aquele que ama. Um amor que se sustenta sob fundamentos sólidos e verdadeiros, que não tem a pressa dos egoístas, mas que sabe esperar e possui uma enorme capacidade de suportar adversidades.

6 comments:

Anonymous said...

Pois é Caio...
Infinitamente importante o direito à exposição de nossos ideais! Principalmente qdo as pessoas que as acompanham (por prazer ou sei lá o quê?) conseguem respeitá-las, sem questionar!
Um viva aos diferentes pontos de vista meu querido!!

Anonymous said...

:) Amém...
Tremendo o que vc colocou e mais ainda o que o Jean comentou!!!
Algumas coisas que vc citou foram foco da vigília... Do amor flui os relacionamentos verdadeiros, cada vez mais escassos dentro da igreja e fora dela, pelo que o mundo considera por amor, e as vezes até sendo um amor muito mais verdadeiro que de muita gente com problema almático... Enfim... Por amor as pessoas se submetem ao tratamento, por amor as pessoas se doam... Por amor se relacionam e por amor são suportes de vidas... Ainda bate na minha cabeça a questão da simplicidade que eu e vc já conversamos... A simplicidade de se determinar a amar... E vale lembrar que independente de tudo o que eu tenha e ainda terei... Sem amor eu nada serei...
Deus abençoe!

Paula said...

POis é... aquilo que falas é mto pertinente hoje em dia... é mesmo... o amor de quase todos está a esfriar... porventura haverá fé na terra quando JEsus voltar??? - pergunta feita pelo próprio mestre...

Precisamos largar as regras, religiosidade, departamentos, ministérios, obras, e amar! Simplesmente AMAR. Foi o que Jesus fez. E enquanto amava, aí sim, ele pregava, ele adorava, etc...

Precisamos sair das 4 paredes do templo santo e nos misturarmos... fomos escolhidos, separados para isso...

Como disse Jesus, isto tb é só p quem quiser...

Quem quiser vir após mim...

Quem quiser...

Caio Kaiel said...

Jean...
Isaías 58: 6 - 10;
"Acaso não é este o jejum que escolhi? que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo? e que deixes ir livres os oprimidos, e despedaces todo jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desamparados? que vendo o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne? Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará. e a tua justiça irá adiante de ti; e a glória do Senhor será a tua retaguarda.Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente e se abrires a tua alma ao faminto, e fartares o aflito; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio dia".

é verdade... e por Amor nos sujeitamos a estas coisas - mas quem espera um poder de Deus para poder amar, não sabe nada de Amor...Amor é prática!

Caio Kaiel said...

Ju - entendi bem o que disse; e acredite se quiser, mas já ouvi muito na outra igreja que tenho graves problemas na alma e preciso de libertação - amo demais - enfim, nos dias de hoje isso é estranho mesmo.

Paula - verdade, Amar é o segredo de toda a obra... toda a obra do evangelho, sem Amor, é como metal que soa ou como o címbalo que retine (I Co 13:1)... e acima de tudo, é escolha e iniciativa nossa.

Obrigado a todos.

Vítor Mácula said...

Caro Pescador.

Amar como se fosse o outro que nos amasse, ou sinal de amor fosse – até ao inimigo.

É curioso, podem inverter-se os termos: “E pelo amor se esfriar de quase todos, multiplicar-se-á a iniquidade.” ;)

Abraço!