09 June, 2006

Às Águas Tranquilas

Eu estava em alto mar, perigosamente oscilando entre os bruscos e poderosos deslocamentos de gigantescas ondas. O Céu fechado era espelho da agitação que me cercava, porque não dizer, era o espelho da minha alma - eu já não sabia o que fazer.

Mas nenhuma tempestade começa assim, e eu buscava em minha mente as origens daquela dificuldade; lembrei dos primeiros ventos estranhos, depois alguma agitação da maré e pequenas formações de nuvens, mas há alguns instantes tudo passara despercebido. Erro fatal ao pescador desatento, que deve estar certo das águas por onde vive, porque sabe o quanto pode ser perigoso o descuido de não conhecer das variações do tempo e saber tomar as direções mais seguras - nos menores erros estão as maiores quedas.

Gostaria que você, caro leitor, percebesse o quanto foi chamado a ser pescador. Se como nesta vocação souber viver/sobreviver - compreendendo que você pode determinar sobre as tormentas ao saber enxergar os detalhes dos seus anúncios – certamente viverá a verdadeira Paz.

Verdadeiramente é difícil entender a origem dos conflitos. Mas o primeiro erro é o costume de apenas perceber os momentos de dificuldades somente no meio das maiores tormentas, jamais antes delas – não há cuidado por saber qual o próximo momento, nem mesmo de aprender a enxergá-lo. Depois disso, normalmente colocamos toda a culpa em uma essência auto-destrutiva, “gauche”, da alma humana. Mas a grande questão, que procuro levantar, é sobre o relapso demonstrado na total falta de controle da própria vida, este sim o é o grande perigo.

Trazendo a lição dos dias em alto mar, compreendo que o aprimoramento do cristão deve caminhar em direção ao entendimento de que ele precisará estar sempre atento às mudanças dos ventos e às oscilações da maré, e diante delas deve conhecer o melhor caminho, nem sempre o mais agradável, mas sempre o mais seguro. Disso depende o pescador em estar vivo no próximo dia. Aqui, diante da vida, se você decide apenas “deixar as coisas acontecerem” não reclame das dificuldades, pois você mesmo decidiu passar por elas.

O que tenho a dizer sobre isso é que da mesma maneira como o pescador precisa ficar atento às mudanças do tempo para antever as tempestades e vence-las sem as surpresas dos relapsos, o cristão precisa se cuidar da aparência do mal e não se deixar ser levado por ela.
Mesmo assim, muitos preferem chamar os cuidados da contaminação com o mundo de religiosidade, outros rotulam a essência da vida cristã de fundamentalismo/”carolice”. Eu prefiro chamar de excelência, autenticidade, pureza cristã - vida.

É difícil, eu mesmo já caí, e costumeiramente caio no mesmo erro: de não me importar com a sutil proximidade entre o pecado e a minha consciência, ignorando os “pequenos” exageros doutrinários impostos pela chamada igreja dominadora e decadente (o engraçado é que ela é chamada de decadente e dominadora exatamente pelos que não a respeitam e caíram dela, mas isso é outra história), mas o fim disso é uma imensa tempestade que começa exatamente quando me deixo acostumar com o errado – quando muitos preferem crer que sexo fora do casamento é normal (e isso começa quando aceito aquele pensamento tão insignificante e "natural"), e também, no mesmo raciocínio, outras tantas pequenas “normalidades” deste tempo, que acabam por substituir o sagrado (limpo que exige-se estar sempre limpo) pelo sujo.

Filipenses 4:8-9 diz,
"Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus de paz será convosco”
Não se deixe acostumar com o errado – “Abstende-vos de toda espécie de mal” (I Ts 5:22), antes, “Seja a vossa prudência conhecida de todos” (Fl 4:5). Aí então viverá em Paz - "Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças; e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus". (Fl 4:6)

6 comments:

Lou H. Mello said...

Essa é a beleza do evangelho, pois, apesar de tudo isso se falharmos, Ele é fiel e justo para nos resgatar e nos dar uma nova chance, quantas forem necessárias. Parabéns.

Caio Kaiel said...

Também vejo assim, e também que a Glória não vem de nós ou nosso merecimento... ou seja, Deus me ama apesar de tudo.

Obrigado pela honra da visita.

Thais Scremin said...

Oii..!
Só prá dizer que eu estou de volta.. apareça! Bjao!

Vilma said...

Muito edificante Caio! Como sempre! Deus te abençoe!

Teorema Editora said...

Sublime mensagem! Gosto da veia poética que exala nos textos: "O Céu fechado era espelho da agitação que me cercava, porque não dizer, era o espelho da minha alma". Deus te abençoe.

Marco Magalhães said...

O meu amigo não pode ser apenas lido. Tem de ser dissecado.