22 October, 2024

Eu Timóteo

Vem Timóteo, vem. 
Larga teu íntimo apreço do bem e vem. 
Abraça o mistério inexplicável que é amar, 
que enlaça a tristeza na alma e chora. 
Aonde congrega o frio da solidão não só. 
Venha abraçar a alegria insensata que é morrer. 

Vem Timóteo! 
Na sombra de um amor que jamais esfria, 
É a eternidade quem segura a mão do náufrago. 
E jamais se esqueça:
Graça é um farol incandescente mostrando o fim. 
Mesmo na terrível batida das ondas, há vida. 

Timóteo! 
Não há tempo nesta sina. 
O evangelho é a pedra moída que construiu o caminho ao perdido. 
E nós não somos meros transeuntes.

Venha Timóteo!

Sacrifício


Assusta-me sentir o frio desta pedra na qual estou deitado, e seu gélido pavor penetra no mais profundo da minha alma, fazendo-me tremer o corpo inteiro.
À minha frente apenas o céu. Sua quietude aumenta meu desespero nisso que não vejo de tão imenso, que é o infinito adiante.
Eu sei, estou na palma da mão do próprio Deus.

Deste mundo, duas coisas me revelam que ainda não morri: o vento, próximo e distante, movendo-se rápido pelas montanhas, lembrando que o tempo não parou, por enquanto; e as batidas rápidas do meu coração, audíveis, tamanho silêncio me envolve. É só o que me lembra vida, nada mais.

Desejei estar aqui, frente a frente Contigo.
Tantas vezes lhe chamei O nome, mas agora estou querendo fugir, pular desta pedra e me esconder de Tua face, por quão terrível és.
Tanto mais perto de Ti estou que me vejo aos poucos morrendo; nu e aflito por falta de qualquer anseio no qual eu ainda possa me segurar. Contudo, as coisas perderam seus valores.

“Eu Confuso”, procurando existir, querendo morrer.
Assim eu vou vivendo e morrendo cada dia em Tua presença.

Aos meus inimigos

Além do barulho do vento, trazendo o cheiro forte de sangue, ouço os gemidos distantes daqueles que provocaram o Senhor dos Exércitos.
Antes os gritos de escárnio, agora, meros gemidos de morte.
Há pouco eu estava entre as fileiras, ouvindo os gritos daquele homem que se empunha sobre o exército do Senhor, desafiando alguém com quem pudesse lutar, apostando a excessiva confiança dos que têm certeza da vitória. Certamente o gigante de quase três metros de altura jamais tivera encontrado a derrota, tamanha força e experiência em batalhas, o que fazia suas vitórias serem conseqüências lógicas de sua consistência.
Muita força, no entanto, ele se levantara contra o povo do Senhor dos Exércitos, o povo do Homem de guerra que não deixaria os seus serem humilhados pelos Filisteus, que naquele momento zombavam.
A minha certeza estava no Deus mais forte e mais poderoso que aquele simples homem, que nada seria perante o Senhor. E confiei que eu poderia realmente ser instrumento de Deus humilhando aqueles homens, era a única coisa que eu pensava – "Deus não está contente com esta situação".
Rapidamente pulei adiante da tropa já tirando a primeira pedra do alforge, que cuidadosamente coloquei na funda – poucas seriam minhas chances pelo pouco preparo em batalhas, além dos treinamentos com feras. Qualquer pessoa normal veria as possibilidades e naturalmente fugiria do desafio, o que seria perfeitamente compreensível, vendo que a razão afirmava ser um suicídio, ainda mais na minha loucura, ao enfrenta-lo com pedras nas mãos, só pedras.
Naquele instante o gigante corria em minha direção, mas permaneci esperando, com a funda começando a girar, aguardando o momento certo – a batalha seria breve, ambos sabíamos disso.
O girar da funda parecia soar como um grito ao vento.
Rapidamente lancei a pedra, que afundou na testa no gigante, fazendo-o cair desmaiado. Não perdi a chance, corri em sua direção até alcançar sua espada; tirei de mim toda força quando a desferi contra o pescoço do gigante, cortando-lhe a cabeça.
O sangue jorrou como um rio sobre o chão. E o silêncio da surpresa de todos brevemente foi interrompido pelos gritos do inimigo fugindo desesperado ao ver seu herói envergonhado às mãos de alguém tão pequeno quanto eu. Logo percebi a ordem de ataque dos comandantes.
Em pouco tempo todos os Filisteus estavam mortos, jogados à podridão do campo.
Confesso que o cheiro do sangue quente misturado à terra me atraia a atenção e exprimia em mim um longo grito de Vitória, que se repetiu por muito tempo, enquanto eu desfilava com a pesada cabeça do gigante.
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Muitos ainda têm se levantado, seus estandartes são o medo que posso ter perante os fatos tão concretos da realidade quotidiana. Contudo, basta eu entender que o desafio do gigante em minha frente, tão real e assustador, é apenas mais uma batalha, das tantas já vencidas do impossível nas mãos do meu Senhor contra a realidade fria dos dias humanos.
(...)
Quanto a mim, permaneço segurando aquela cabeça pesada, ainda sentindo o cheiro forte do sangue que escorre na terra.
Eu venci!
E, olhando os corpos ao chão, penso - "seja quem for o próximo, terá o mesmo fim. Que meus inimigos jamais se esqueçam disso, porque eu não irei".


(Mais batalhas, clique aqui)
[imagem: Caravaggio]

Alguém se esqueceu de dizer sobre o Amor...

Amar é escolher a dor que não se quer sentir.
É fechar os olhos enquanto se pode ver.
É tentar pensar, quando tudo o que se quer é sentir e ver,
quando os olhos já não bastam para observar, nem as palavras para dizer.
Amar é negação.

O Amor nasce na entrega do que ainda não se tem e sobrevive na condição irrefutável do ser em estar junto.
É dádiva de Deus.
Acontece na procura pelo estar perdido e existe enquanto estiver nos braços de Deus, seu inventor.
Não vem de nós mesmos.

Eu Amo exatamente quando não sei o quanto, nem o como, apenas porque confio em Deus. Nisso eu percebi que Amar é estar confuso de mim mesmo e sua maior finalidade é ensinar confiança, acima de tudo, no Pai.
Porque, se eu amo, eu perco. E na vida eu só tenho aquilo que deixo.

17 October, 2024

 - O que você faria se o mundo acabasse e só sobrasse você?

Eu picharia alguns muros...

- Só isso?

Ué! Você acha pouco?

- Sim, com tanta coisa para fazer... sei lá, seria tudo seu.

Você está enganado! Seria tudo céu. 

O mundo seria tão grande que não caberia um pingo de ganância.

- Só iria faltar gente.

É... vai entender.

- deixe pra lá.

- Olá!

silêncio por um tempo...

- Alguém em casa? Insisto.

O ranger da porta ecoa na sala vazia, até que a expectativa é quebrada por uma voz bem conhecida.

- Pode entrar! Só feche a porta. O vento está bastante frio hoje.

OK.! Sabe quem chegou?

- Oras! Como se fosse alguma surpresa.

Num momento, um ser estranho se revela no corredor.

Cabelo e barba cumpridos, emaranhados e sujos de farelos de cheetos.

Numa mão uma coca-cola e na outra o controle da TV (ainda se assistiam este tipo de coisa).

Quando me viu, gritou: - Nhá! Não tem nenhum blogueiro aqui! Vá embora.

Tudo bem, eu vou, antes me responda: Quem está cuidando deste blog?

- Ninguém! Não está vendo?

Tenha calma, sou amigo. Só enjoei do Instagram, acho que ainda não entendi o propósito e deu saudades daqui. Só vou dar uma lida em alguns textos e vou embora.

- Nhá! Se fizer isso, já sabe né...

OK!