22 October, 2024
Eu Timóteo
Sacrifício

Assusta-me sentir o frio desta pedra na qual estou deitado, e seu gélido pavor penetra no mais profundo da minha alma, fazendo-me tremer o corpo inteiro.
À minha frente apenas o céu. Sua quietude aumenta meu desespero nisso que não vejo de tão imenso, que é o infinito adiante.
Eu sei, estou na palma da mão do próprio Deus.
Deste mundo, duas coisas me revelam que ainda não morri: o vento, próximo e distante, movendo-se rápido pelas montanhas, lembrando que o tempo não parou, por enquanto; e as batidas rápidas do meu coração, audíveis, tamanho silêncio me envolve. É só o que me lembra vida, nada mais.
Desejei estar aqui, frente a frente Contigo.
Tantas vezes lhe chamei O nome, mas agora estou querendo fugir, pular desta pedra e me esconder de Tua face, por quão terrível és.
Tanto mais perto de Ti estou que me vejo aos poucos morrendo; nu e aflito por falta de qualquer anseio no qual eu ainda possa me segurar. Contudo, as coisas perderam seus valores.
“Eu Confuso”, procurando existir, querendo morrer.
Assim eu vou vivendo e morrendo cada dia em Tua presença.
Aos meus inimigos

Antes os gritos de escárnio, agora, meros gemidos de morte.
Há pouco eu estava entre as fileiras, ouvindo os gritos daquele homem que se empunha sobre o exército do Senhor, desafiando alguém com quem pudesse lutar, apostando a excessiva confiança dos que têm certeza da vitória. Certamente o gigante de quase três metros de altura jamais tivera encontrado a derrota, tamanha força e experiência em batalhas, o que fazia suas vitórias serem conseqüências lógicas de sua consistência.
Muita força, no entanto, ele se levantara contra o povo do Senhor dos Exércitos, o povo do Homem de guerra que não deixaria os seus serem humilhados pelos Filisteus, que naquele momento zombavam.
A minha certeza estava no Deus mais forte e mais poderoso que aquele simples homem, que nada seria perante o Senhor. E confiei que eu poderia realmente ser instrumento de Deus humilhando aqueles homens, era a única coisa que eu pensava – "Deus não está contente com esta situação".
Rapidamente pulei adiante da tropa já tirando a primeira pedra do alforge, que cuidadosamente coloquei na funda – poucas seriam minhas chances pelo pouco preparo em batalhas, além dos treinamentos com feras. Qualquer pessoa normal veria as possibilidades e naturalmente fugiria do desafio, o que seria perfeitamente compreensível, vendo que a razão afirmava ser um suicídio, ainda mais na minha loucura, ao enfrenta-lo com pedras nas mãos, só pedras.
Naquele instante o gigante corria em minha direção, mas permaneci esperando, com a funda começando a girar, aguardando o momento certo – a batalha seria breve, ambos sabíamos disso.
O girar da funda parecia soar como um grito ao vento.
Rapidamente lancei a pedra, que afundou na testa no gigante, fazendo-o cair desmaiado. Não perdi a chance, corri em sua direção até alcançar sua espada; tirei de mim toda força quando a desferi contra o pescoço do gigante, cortando-lhe a cabeça.
O sangue jorrou como um rio sobre o chão. E o silêncio da surpresa de todos brevemente foi interrompido pelos gritos do inimigo fugindo desesperado ao ver seu herói envergonhado às mãos de alguém tão pequeno quanto eu. Logo percebi a ordem de ataque dos comandantes.
Em pouco tempo todos os Filisteus estavam mortos, jogados à podridão do campo.
Confesso que o cheiro do sangue quente misturado à terra me atraia a atenção e exprimia em mim um longo grito de Vitória, que se repetiu por muito tempo, enquanto eu desfilava com a pesada cabeça do gigante.
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Muitos ainda têm se levantado, seus estandartes são o medo que posso ter perante os fatos tão concretos da realidade quotidiana. Contudo, basta eu entender que o desafio do gigante em minha frente, tão real e assustador, é apenas mais uma batalha, das tantas já vencidas do impossível nas mãos do meu Senhor contra a realidade fria dos dias humanos.
(...)
Quanto a mim, permaneço segurando aquela cabeça pesada, ainda sentindo o cheiro forte do sangue que escorre na terra.
Eu venci!
E, olhando os corpos ao chão, penso - "seja quem for o próximo, terá o mesmo fim. Que meus inimigos jamais se esqueçam disso, porque eu não irei".
(Mais batalhas, clique aqui)
[imagem: Caravaggio]
Alguém se esqueceu de dizer sobre o Amor...
É fechar os olhos enquanto se pode ver.
É tentar pensar, quando tudo o que se quer é sentir e ver,
quando os olhos já não bastam para observar, nem as palavras para dizer.
Amar é negação.
O Amor nasce na entrega do que ainda não se tem e sobrevive na condição irrefutável do ser em estar junto.
É dádiva de Deus.
Acontece na procura pelo estar perdido e existe enquanto estiver nos braços de Deus, seu inventor.
Não vem de nós mesmos.
Eu Amo exatamente quando não sei o quanto, nem o como, apenas porque confio em Deus. Nisso eu percebi que Amar é estar confuso de mim mesmo e sua maior finalidade é ensinar confiança, acima de tudo, no Pai.
Porque, se eu amo, eu perco. E na vida eu só tenho aquilo que deixo.
17 October, 2024
- O que você faria se o mundo acabasse e só sobrasse você?
Eu picharia alguns muros...
- Só isso?
Ué! Você acha pouco?
- Sim, com tanta coisa para fazer... sei lá, seria tudo seu.
Você está enganado! Seria tudo céu.
O mundo seria tão grande que não caberia um pingo de ganância.
- Só iria faltar gente.
É... vai entender.
- deixe pra lá.
- Olá!
silêncio por um tempo...
- Alguém em casa? Insisto.
O ranger da porta ecoa na sala vazia, até que a expectativa é quebrada por uma voz bem conhecida.
- Pode entrar! Só feche a porta. O vento está bastante frio hoje.
- Oras! Como se fosse alguma surpresa.
Num momento, um ser estranho se revela no corredor.
Cabelo e barba cumpridos, emaranhados e sujos de farelos de cheetos.
Numa mão uma coca-cola e na outra o controle da TV (ainda se assistiam este tipo de coisa).
Quando me viu, gritou: - Nhá! Não tem nenhum blogueiro aqui! Vá embora.
Tudo bem, eu vou, antes me responda: Quem está cuidando deste blog?
- Ninguém! Não está vendo?
Tenha calma, sou amigo. Só enjoei do Instagram, acho que ainda não entendi o propósito e deu saudades daqui. Só vou dar uma lida em alguns textos e vou embora.
- Nhá! Se fizer isso, já sabe né...
OK!